Quero
aproveitar este espaço para fazer umas considerações sobre as ações que o
cidadão poderá empreender para mudar a situação desesperadora dos animais de
rua.
Uma das
ações mais visíveis deste voluntariado é a barraca de adoção de animais que se
instala todo sábado na praça central de Pouso Alegre, junto à azáfama de
crianças, jovens namorando, mães com seus bebês de colo, meninos e meninas
brincando, anciãos colocando a conversa em dia, o homem da bíblia pregando,
crianças pulando no parquinho instalado perto da fonte e centenas de passantes
que tomam as sombras das árvores centenárias. Entre os voluntários da ONG estão
pessoas de cidades vizinhas, que têm interesse em fazer parcerias e mesmo
repetir a experiência desta iniciativa citadina. Além dessa presença semanal na
praça Senador José Bento, a Voluntários da Pata tem buscado parcerias com os
governantes, entidades de classe e empresas que podem doar ração e remédios
para os cuidados mínimos aos animais recolhidos das ruas, muitos em condições
precárias de saúde. A propósito, esta
barraca necessita de mais voluntários para atendimento ao público, jornais
velhos, ração, água e cuidados com os animais. Isto retira uma parte
considerável do peso dos atuais voluntários, que estão no limite de suas
ocupações.
Recentemente,
numa tarde de domingo, sob o clima solene do Teatro Municipal de Pouso Alegre,
vi florescer a ONG Voluntários da Pata,
uma iniciativa privada que, nestas poucas semanas, se consolidou junto ao
cidadão pousoalegrense, principalmente pelo empenho incansável de seus
voluntários em praticar sua premissa, a saber, amenizar o sofrimento animal na
cidade. Suas principais práticas sociais são a fomentação de cuidados
terapêuticos aos bichos de rua famintos, feridos e atacados por pestes várias;
a intervenção e acolhimento dos animais resgatados em situações degradantes; o estímulo
da adoção por pessoas que querem um animal de estimação e a castração destes
animais.
Sabe-se
que isso tudo é muito bem vindo, e na maior parte das intervenções, chega a ser
essencial. No entanto, por mais que haja pessoas adotando cães, gatos e outros
animais, a realidade é que o número de abandonados nas ruas permanece o mesmo e
até pode aumentar, se não se fizer o mais imediatamente possível o que chamo
aqui uma política de bem estar animal. Esta política deve se traduzir em algumas atitudes bem definidas e já fazem
parte das metas desta ONG e seus parceiros institucionais e particulares:
a) Uma
atitude verdadeiramente cidadã em que a questão animal é de todos e que os
cidadãos sejam conscientizados de que estes, em situação de abandono, estão sob
tutela do governo da cidade, o que torna o governante o tutor desses animais.
Como o governante foi alçado a esta condição de servidor, justamente pela
vontade do cidadão, este deve ser o fiscal desta relação entre seu governo e os
animais sem lar;
b) Estimular
uma atitude afetiva para com a cidade, que é de todos seus moradores e que a
miséria seja ela qual for, e neste caso, se está falando da miséria animal,
torna a cidade um lugar inóspito, cruel e desmobilizada politicamente; além da
fealdade que a degradação da vida imprime no corpo da cidade;
c) Uma
atitude de mobilização no sentido de pressionar o poder local para criar um
hospital público para animais, de onde eles saem curados, castrados e
vermifugados para a doação em feiras e praças públicas;
d) Uma sensibilização
social para aumento do apadrinhamento de animais, situação em que o cidadão não
pode levar para casa um deles, mas o adota à distância, oferecendo cuidados na
forma de alimento e remédios, bem como colaborando com as despesas médicas
eventuais do animal do qual é padrinho ou madrinha, ajudando o adotante do
animal.
e) Um
trabalho de conscientização da população rural e dos bairros periféricos – de
onde vem grande parte dos bichos em abandono – por meio das mídias,
particularmente as televisivas, radiofônicas e jornais – de ações que podem
ajudar a conter o abandono dos animais, particularmente a castração;
f) Criação
de eventos na forma de festas, chás beneficentes, bingos, rifas, leilões de
objetos, shows... arrecadando dinheiro, materiais de construção de canis, remédios
e eventuais gastos com serviços particulares. Inclui-se neste item propaganda
gratuita em mídias diversas.
Com
estas poucas ações, bem orquestradas pela Voluntários
da Pata, sabemos que em poucos anos reverter-se-á este quadro de desespero
e insalubridade, pois temos consciência de quais são os perigos que trazem os
animais afetados pelas doenças clássicas do abandono. Se perseguirmos estas
diretrizes, estaremos afirmando uma série de condições da cidadania – introduzindo
nossos filhos num mundo mais afetivo, mais saudável, mais alegre e mais justo.
Serão pessoas que respeitarão a vida e colaborarão com uma sociedade menos
agressiva. Formaremos cidadãos.
A ONG Voluntários da Pata conta com você,
tanto no sentido de adotar ou apadrinhar bichos, mas também para doar seu tempo
ou habilidades que possam ajudar na transformação da dura realidade dos animais
de rua de sua cidade.
MUito humano.Parabéns pelo artigo.
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