sábado, abril 13

Ong Voluntários da Pata!

                Quero aproveitar este espaço para fazer umas considerações sobre as ações que o cidadão poderá empreender para mudar a situação desesperadora dos animais de rua.
                Recentemente, numa tarde de domingo, sob o clima solene do Teatro Municipal de Pouso Alegre, vi florescer a ONG Voluntários da Pata, uma iniciativa privada que, nestas poucas semanas, se consolidou junto ao cidadão pousoalegrense, principalmente pelo empenho incansável de seus voluntários em praticar sua premissa, a saber, amenizar o sofrimento animal na cidade. Suas principais práticas sociais são a fomentação de cuidados terapêuticos aos bichos de rua famintos, feridos e atacados por pestes várias; a intervenção e acolhimento dos animais resgatados em situações degradantes; o estímulo da adoção por pessoas que querem um animal de estimação e a castração destes animais.
               
Uma das ações mais visíveis deste voluntariado é a barraca de adoção de animais que se instala todo sábado na praça central de Pouso Alegre, junto à azáfama de crianças, jovens namorando, mães com seus bebês de colo, meninos e meninas brincando, anciãos colocando a conversa em dia, o homem da bíblia pregando, crianças pulando no parquinho instalado perto da fonte e centenas de passantes que tomam as sombras das árvores centenárias. Entre os voluntários da ONG estão pessoas de cidades vizinhas, que têm interesse em fazer parcerias e mesmo repetir a experiência desta iniciativa citadina. Além dessa presença semanal na praça Senador José Bento, a Voluntários da Pata tem buscado parcerias com os governantes, entidades de classe e empresas que podem doar ração e remédios para os cuidados mínimos aos animais recolhidos das ruas, muitos em condições precárias de saúde.  A propósito, esta barraca necessita de mais voluntários para atendimento ao público, jornais velhos, ração, água e cuidados com os animais. Isto retira uma parte considerável do peso dos atuais voluntários, que estão no limite de suas ocupações.
                Sabe-se que isso tudo é muito bem vindo, e na maior parte das intervenções, chega a ser essencial. No entanto, por mais que haja pessoas adotando cães, gatos e outros animais, a realidade é que o número de abandonados nas ruas permanece o mesmo e até pode aumentar, se não se fizer o mais imediatamente possível o que chamo aqui uma política de bem estar animal. Esta política deve se traduzir em algumas atitudes bem definidas e já fazem parte das metas desta ONG e seus parceiros institucionais e particulares:
                a) Uma atitude verdadeiramente cidadã em que a questão animal é de todos e que os cidadãos sejam conscientizados de que estes, em situação de abandono, estão sob tutela do governo da cidade, o que torna o governante o tutor desses animais. Como o governante foi alçado a esta condição de servidor, justamente pela vontade do cidadão, este deve ser o fiscal desta relação entre seu governo e os animais sem lar;  
                b) Estimular uma atitude afetiva para com a cidade, que é de todos seus moradores e que a miséria seja ela qual for, e neste caso, se está falando da miséria animal, torna a cidade um lugar inóspito, cruel e desmobilizada politicamente; além da fealdade que a degradação da vida imprime no corpo da cidade;
                c) Uma atitude de mobilização no sentido de pressionar o poder local para criar um hospital público para animais, de onde eles saem curados, castrados e vermifugados para a doação em feiras e praças públicas;
                d) Uma sensibilização social para aumento do apadrinhamento de animais, situação em que o cidadão não pode levar para casa um deles, mas o adota à distância, oferecendo cuidados na forma de alimento e remédios, bem como colaborando com as despesas médicas eventuais do animal do qual é padrinho ou madrinha, ajudando o adotante do animal.
                e) Um trabalho de conscientização da população rural e dos bairros periféricos – de onde vem grande parte dos bichos em abandono – por meio das mídias, particularmente as televisivas, radiofônicas e jornais – de ações que podem ajudar a conter o abandono dos animais, particularmente a castração;
                f) Criação de eventos na forma de festas, chás beneficentes, bingos, rifas, leilões de objetos, shows... arrecadando dinheiro, materiais de construção de canis, remédios e eventuais gastos com serviços particulares. Inclui-se neste item propaganda gratuita em mídias diversas.
                Com estas poucas ações, bem orquestradas pela Voluntários da Pata, sabemos que em poucos anos reverter-se-á este quadro de desespero e insalubridade, pois temos consciência de quais são os perigos que trazem os animais afetados pelas doenças clássicas do abandono. Se perseguirmos estas diretrizes, estaremos afirmando uma série de condições da cidadania – introduzindo nossos filhos num mundo mais afetivo, mais saudável, mais alegre e mais justo. Serão pessoas que respeitarão a vida e colaborarão com uma sociedade menos agressiva. Formaremos cidadãos.
                A ONG Voluntários da Pata conta com você, tanto no sentido de adotar ou apadrinhar bichos, mas também para doar seu tempo ou habilidades que possam ajudar na transformação da dura realidade dos animais de rua de sua cidade.   

Um comentário:

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