segunda-feira, junho 8

O discurso encarnado: ou a passagem da carne ao corpo-discurso


G. Agamben em seu Estado de Exceção (2004, Boi Tempo, p. 132,133): “Se é verdade que a articulação entre vida e direito, anomia e nomos produzida pelo estado de exceção é eficaz, mas fictícia, não se pode, porém, extrair disso a consequência de que, além ou aquém dos dispositivos jurídicos, se abra em algum lugar um acesso imediato àquilo de que representam a fratura e, ao mesmo tempo, a impossível recomposição. Não existem, primeiro, a vida como dado biológico natural e a anomia como estado de natureza e, depois, sua implicação no direito por meio do estado de exceção. Ao contrário, a própria possibilidade de distinguir entre vida e direito, anomia e nomos coincide com sua articulação na máquina biopolítica. A vida pura e simples é um produto da máquina e não algo que preexiste a ela, assim como o direito não tem nenhum fundamento na natureza ou no espírito divino”. Em certos momentos de minha dissertação (O discurso encarnado: ou a passagem da carne ao corpo-discurso) pensei, pelo menos teoricamente, em fazer uma espécie de caminho que iria da “vida pura e simples” (biológico, anomia), a carne, no meu dizer; a um corpo que seria apenas discurso. Pelo simples fato de eu colocar o termo “passagem”, por mais que tenha tentado desmontar esse princípio vital que passa a ser um corpo que é discurso, acabou por implicar um antes e um depois. Com o correr do trabalho me dei conta de que tudo ao meu alcance, fora feito, com o fim de evitar esses dois tempos do corpo. A tática foi admiti-los separados pra depois desconstruir essa temporalidade, mas o resultado demonstrou não ser o suficiente. O problema é o mesmo apresentado por Agamben – ele se preocupando com “vida e direito” e eu com a carne e o corpo. No doutorado pretendo dar seguimento as essas considerações e reconsiderações...

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