François Jullien, filósofo e sinólogo, também especialista em Grécia antiga, nos apresenta um contraste criativo e consequente de duas maneiras de obter êxito, de ser eficaz: a grega (da qual somos devedores) heróica, marcada pelo modelo, pelas formas ideais, por movimentos espetaculares, pelo evento, pela tomada de decisão, pelo aproveitar da ocasião, pelo rompimento, pela ação; e a de potencial de situação, chinesa, fundada na transformação, na tendência a atualizar, no abandonar-se ao advir do efeito, na discrição, no processo, no não-dispêndio de energia. Em suma, a maneira chinesa de ser eficaz, de obter a vitória, nada tem do voluntarismo e traçado de planos, da contraposição teoria-prática, próprios a nós, herdeiros da saga homérica, hercúlea, onde Jasão, Teseu e outros, parecem a única fonte possível de nascimento da ação e único horizonte para a vitória. Contudo, os chineses pensam a eficácia a partir da idéia de se deixar portar pela situação; de deixar a situação se desenrolar, evoluir e, ao se deixar levar pelo efeito, alcançar êxito. Tentando dar conta destas diferenças e delas tirar consequências para uma teoria da eficácia, algo que, segundo o autor, jamais foi feito a contento no ocidente, este buscará respostas a partir da leituras de uns quantos textos representativos do Tao, particularmente os pensadores florescidos nos Reinos Combatentes (Mêncio, Zhong Yong, Sunzi e outros), bem como, no lado ocidental, em uma busca minuciosa principalmente em Aristóteles, Maquiavel e Clausewitz.
Assim, Jullien pergunta-se: Pois, o que é, propriamente falando, um efeito? Ou de que modo se realiza o real? Perguntas que irei acompanhando em minha segunda leitura de sua obra...
Assim, Jullien pergunta-se: Pois, o que é, propriamente falando, um efeito? Ou de que modo se realiza o real? Perguntas que irei acompanhando em minha segunda leitura de sua obra...
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