sábado, agosto 1

A náusea segundo Sartre!

Cai a noite. No primeiro andar do Hotel Pritania duas janelas acabam de se iluminar. O canteiro de obras da Nova Estação cheira intensamente a madeira úmida: amanhã choverá em Bouville. É assim que se encerra A náusea. Antoine Roquentin, um sujeito ruivo, que estava sempre nos cafés, está lá, na estação, encurvado, sombrio, aguardando o trem para Paris. Olha para aquelas janelas somente como um meio de ocupar os olhos; nada há lá que o atraia, que lhe diga respeito. Já começa, ali mesmo, tendo no fundo da mente a melodia de Some of these days, a escrever em páginas mentais o livro que, entediado e cansado escreverá, tentando não se sentir existindo, na esperança de que - depois de escrita - esta obra o livre daquela repugnância mole e pegajosa de existir.

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